quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Civilizados ?

No estacionamento do hipermercado, enquanto eu pego meu carrinho e procuro minha lista de compras dentro do bolso, noto um Corolla estacionando em uma das vagas destinadas a portadores de deficiência física.
Por algum motivo, fico observando e em seguida sai do carro uma adolescente, do lado do passageiro e do motorista desce uma mulher de seus cinquenta anos ou menos, caminhando normalmente. Procurei no carro um adesivo qualquer que identifique um carro de deficiente, e nada. Daí eu olhei em volta... vi os taxistas sentados observando a cena, como se ela se repetisse ao longo de todo o dia, vi umas senhorinhas esperando por alguém, umas funcionárias do supermercado conversando e ninguém parecia notar o que acabara de acontecer mas eu... eu estava explodindo, num misto de indignação, vergonha e raiva. Indignação porque não consigo assimilar que, apesar de todas as indentificações, placas e etc indicando que a vaga é para deficientes, uma pessoa sem nenhuma (exceto a mental) pare o carro assim, na maior cara-de-pau. Vergonha porque fiquei imaginando que eu vivo mesmo numa terra de ninguém, onde a lei é tirar vantagem sempre - não importa como, nem de quem, nem de que forma. E raiva porque aquela mulher, naquele momento virou a síntese de tudo que eu mais abomino em um ser humano (?).
Não tive dúvidas, chamei a mulher e perguntei se ela já tinha ouvido falar em vaga reservada para deficiente. Ela ficou meio espantada com a pergunta, como se inclusive fosse um despropósito fazê-la. A falta de educação, de respeito com o outro e a certeza da impunidade juntas formam uma criatura como aquele na minha frente - uma mulher desclassificada.
Como resposta ela me disse que "não ia discutir comigo". Rá! Como se ela pudesse fazê-lo! Deu-me as costas e saiu caminhando tranquilamente como se naquele momento ela estivesse coberta de razão e eu, pobre infeliz, estivesse apenas nadando contra a maré.
A filha adolescente, com a capacidade de argumentação de uma chave de fenda, ainda teve tempo de blasfemar alguma coisa e soltar uns impropérios e palavrões, também muito indignada com a minha pergunta.
A certeza de que eu adoraria encher aquela cara de bolachas veio no mesmo instante em que eu parei e olhei novamente ao meu redor e vi aquelas pessoas todas alí, vendo a cena, algumas meio sem entender o que se passava, outras meio espantadas e as velhotas me olhando com um sorriso de aprovação. Nesse momento me vi alí, impotente, cansado, resignado a enfrentar um supermercado lotado, estressado, saído de um dia cansativo de trabalho, lutando por algo que eu até aquele momento achava ser o certo. Sim, porque eu estou falando de certo e errado. Não se trata de ser melhor ou pior do que aquela mulher, até porque eu não sou nem nunca fui a mais correta das criaturas, não sou e nem nunca fui exemplo para nada nessa vida. Apesar disso, naquela situação eu sabia que a razão estava comigo, porque a educação simples que tive jamais me permitiu estacionar em uma vaga reservada, sentar em um assento reservado, furar uma fila, passar a perna em alguém...
Foi triste constatar que eu, com toda essa educação, não passo de um estranho no ninho. Me deixa feliz apenas o fato de que eu ainda consiga me indignar, me revoltar. Tenho muito medo do dia em que coisas como essa não me afetarem mais. A verdade é que o mundo, meus queridos, virou um lugar bastante desagradável.
*Só pra não dizer que não falei de flores,o "queijos e vinhos" foi ótimo...quem sabe um dia, marcamos um com a galera da Blogosfera??

14 comentários:

Lilian Devlin disse...

A isso damos o nome de falta de educação, né? Eu também fico indignada com pessoas que se acham acima do bem e do mal, se acham muito espertas, mas que são na verdade, extremamente mal educadas!
E eu acho que a gente tem mais é que se indignar, botar a boca no trombone e reclamar!Mesmo que a resposta seja a ouvida por vc, nós temos que continuar falando!Quem sabe um dia essas "antas" não aprendem? É difícl, mas quem sabe?
beijos procê meu querido!
ps: eu sinceramente não sei o que passa na cabeça dessas crianças, que em determinada fase da vida, acham que o ato de tomar banho é totalmente dispensável. Deve ter um estudo sobre isso, né? Vamos ver se descobrimos? rs
Mais beijos

Aline Evelyn disse...

Nossa Paulo...
Fico me perguntando aonde vamos parar!
A falta de respeito, de educação mesmo!
Sabe, essas coisas tbm me deixam bastante revoltada! Não consigo admitir uma coisa dessas.
Meu pai (que é quem dirige) me ensinou que deve-se respeitar as normas!
Por mais que algumas sejam insuportáveis, é preciso cumpri-las!
Uuu, isso me tira do sério!
Quando eu tinha meus 16 anos, tava andando com umas amigas e vi um rapaz que não devia ter mais que 25/26 anos estacionando numa vaga pra deficientes!
Nós chamamos a atenção dele (brigamos mesmo), ele ficou nos olhando com cara de banana queimada (pq ficou vermelho de vergonha) e entrou no carro e foi estacionar em outro lugar!
Enfim... já tô escrevendo muito!!!

Aline Evelyn disse...

Sobre o meu post...
Vc é um cavalheiro!
Sabe, o que vc disse é verdade: A intimidade não impede que exista respeito!
E sobre acabar com relacionamentos, já passei por algo não muito agradável!
Meu ex. tomando Coca-Cola na rua e arrotando!
Fiquei com raiva e nojo...
Uuuuuuuu, e briguei com ele!
hAUSHuAShuAS
MAs... Não sou fresca não, só acho falta de educação!
Vc é um fofo!
Te adoro
Beijoks
^^

eu... disse...

Oiê!

Paulo, são as famosos tipo que vivem à luz da lei gerson...
É uma infeliz constatação(!),porém é inegavel que poucos,muito poucos, se indignam...
Eu,como vc,me indigno e "boto a boca no trombone".rs

beijão.

.. disse...

Oi,Winter

Se todos fizessem como vc,as leis seriam cumpridas..mas,vc viu?:ninguém do grupo saiu a seu favor,obrigando-as a retirar o carro da vaga...assim é o nosso povo,infelizmente..

beijão

Paula disse...

Ei Paulo, como você mesmo disse, a deficiência está no cérebro. É por causa de pessoas assim que isso aqui não anda. Eu fico indignada como você e falo como você e percebo as expressões surpresas de quem está por perto... O que me deixa mais indignada! Humpf, humpf!

beijos

Evandro Varella disse...

Paulo,
Eu acho que você foi direto na questão: A capacidade de se indignar com essas coisas.
Fico pensando se não é exatamente isso que falta aos brasileiros e brasileiras.
Se nós todos, a seu exemplo, colocássemos a boca no trombone, certamente estarímos vivendo num país muito melhor.
E não, você não está sozinho.
Abraços e parabéns por abordar esse assunto.
Vavá

Nani disse...

Oi Querido :)
Obrigada!
A eu espero que sim quem sabe um dia eu seja...Mas a minha vontade é de adotar.Dar carinho a quem a aqueles que não possuem!Mas ainda tem chão até lá...apenas 16 anos hauaha :P
Ah quanto a me linkar fique a vontade eu também estou te linkando :)
Poxa eu realmente não me surpreende com a reação descrita aqui sobre essas pessoas ¬¬°
Esses dias eu estava com umas amigas voltando da escola e vi um senhor esbarrar numa criança que tinha uma deficiencia nas pernas andava com dificuldade.Tinha muita gente passando e um homem empurrou o guri e ele caiu,ninguém ajudou,só olharam e passaram e continuaram passando sem se importar,eu fiquei indignada e ajudei o guri a se levantar e ele agradeceu e disse"É sempre assim".
As pessoas não se importam umas com as outras!Não há respeito!Não há amor...a só uma trilha de formigas seguindo cada um seu caminho.Isso é triste!
Fico feliz por ver que há pessoas que se importam como vc e espero que tenham muitas mais que sejam assim tbm!
Kiss ;*

Amigao disse...

Bom dia
Amigão, eu vim aqui e não lembro mais qual o caminho que fiz pra chegar aqui, mas o importante é fui lendo e ficando.
Gostei muito disso tudo que estou lendo.
Eu já vi em alguns estacionamentos aqui em São Paulo, um mecanismo que trava os pneus dos carros estacionados nestas vagas.Que vontade de ficar ali esperando pra ver o dono do carro desesperado pra sair.
Mas mesmo assim, eu temo pelo dia em que o verdadeiro dono daquela vaga não consiga mais estacionar por ali e ninguem vai se preocupar com isto.

Um abração

Mari disse...

Fala,Winter

Cara,nem me fale..já tenho brigado por isso um tantão(aliás,eu já gosto de um bom motivo)...já fiz um cara tirar o carro da vaga de eficientes a tapas..hehe
Ah,se eu respeito pq vou deixar que desrespeitem...???E assim é nas filas,nos caixas do supermercardo,nas repartições públicas..tem sempre "neguinho" querendo levar vantagem..
Gostei!

abraço


*churrasco no domingo

Dedinhos Nervosos disse...

Em um país onde ninguém sofre consequência de nada, isso passa despercebido sim... e infelizmente, esse tipo de gente circula por aí, ignorando as regras e agindo com total falta de respeito. Minha mãe uma vez reclamou com uma mulher que estava atravancando o trânsico e dona fez "dedo" pra ela. Mamãe seguiu em frente e parou para falar com um policial. Deu a volta na rua e viu a mulher ser multada. Eles só entendem quando mexe no bolso.
Bjos.

Vanna disse...

Poxa, não fosse o fim q vc deu ao texto, eu estaria m sentindo péssima. Mas só vislumbrar a idéia d um dia m reunir c/ pessoas q podem fazer suas Ms mas o básico da boa educação p/ se viver em sociedade, isso já compensa. Devemos apenas desejar q seja verdade a lei do retorno. Só espero q esse tipo d pessoa quando estiver sofrendo o revés da vida, tenha sensibilidade p/ perceber e mudar.
Bjs, bom fim d semana.

Bonequinha de Luxo disse...

Olá,Winter

Como vc mesmo diz,o perigo é que essas ações vão ficando tão constantes,que já se banalizaram e muita gente já nem se choca...não podemos deixar que o ato de se indignar,morra em nós!!
Gostei muito do tema!Parabéns!
beijos

Anônimo disse...

Não sabe ler não, meu qrido?!!!
É isso que eu fico me perguntando quando um mané desses estaciona na vaga para deficientes.
Eles são especiais, seres humanos brilhantes como qualquer um, ou melhor qualquer um não, porque pessoas que passam por cima das outras não são especiais...
Mas sim, é ridículo ver como existem pessoas tão mal educadas a ponto de ignorar um simples aviso, uma simples faixa.
Temos que gritar, reclamar, fazer valer a pena.... É difícil, é sim... mas não podemos desistir... Eu fico pensando, quem sabe um dia, quem estacionou na vaga privativa, um dia vai acabar usando. O mundo dá voltas, não estou jogando "pragas"... mas essa é a realidade. O mundo gira, e qnto mais maltratamos as pessoas, tudo isso volta pra nós!!!!
Estou contigo e não abro.
Respeito é bom, e todo mundo gosta!!!